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Mostrando postagens de setembro, 2024

10 - Breves notas sobre a conformação de espaços arquitetônicos.

Espaços arquitetônicos podem ser conformados por edificações e, também, por elementos construtivos distintos, independentes, fisicamente desconectados dessas edificações. CHING e ECKLER (2014, p. 84) alertam acerca da relevância de serem considerados os impactos da forma da edificação sobre o espaço circundante. No que tange à escala urbana, esses autores observam a relevância de ser compreendido “se o papel de uma edificação é continuar o tecido urbano existente em um lugar, compor um pano de fundo para as outras edificações, definir um espaço urbano ou se deveria estar solto no espaço, como um objeto importante”. No que tange ao terreno que comporta edificações, esses autores listam “várias estratégias para relacionar a forma de uma edificação ao espaço que a circunda”. Fala-se, por exemplo, sobre o edifício: “fechar parte de seu terreno, configurando um espaço de estar externo protegido de condições climáticas indesejáveis”; “configurar e fechar um pátio interno ou um átrio dentro d...

09 - Percepções sobre elementos construtivos que conformam espaços.

Há diferença entre o que é referente à expressão “sistema construtivo” e o que é referente à expressão “sistema estrutural”. Há elementos construtivos que não integram sistemas estruturais. Desprovidos de responsabilidade estrutural, há elementos construtivos cuja escolha independe, genericamente, do sistema estrutural: portas, janelas, revestimentos de piso, revestimentos de faces internas de paredes, revestimentos de faces externas de paredes etc..  A arquitetura vai além da estrutura edilícia. A arquitetura cuida dos espaços conformados por sistemas construtivos e abrange, também, os espaços descobertos. Ching e Eckler (2014, p. 52-54) afirmam que “além dos condicionantes impostos pelas cargas estruturais e pela resistência dos materiais, a construção também tem a capacidade de afetar a maneira como o espaço é percebido”. Dentre as características dos materiais de construção as quais balizam percepções, esses autores elencam a cor, a textura, o peso visual, a opacidade e a refle...

08 - Quando o ambiente construído se torna arquitetura.

O ambiente construído pode ser representado por objetos arquitetônicos e por elementos urbanísticos. Casas, edifícios verticais e galpões industriais exemplificam objetos arquitetônicos. Coretos, bancas de revistas, pistas de caminhada, pistas de skate exemplificam elementos urbanísticos. O ambiente construído pode ser destacadamente arquitetônico, ainda que urbanístico em certa medida. A recíproca é procedente. Dentre a ementa referente à ação direta de inconstitucionalidade ADI 3.540-MC/DF ( vide ADI 3.540-MC/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 3/2/2006), são citadas 04 (quatro) qualificações do meio ambiente: meio ambiente natural; meio ambiente cultural, meio ambiente artificial (espaço urbano); meio ambiente laboral. Em brevíssima análise dessas qualificações, fica possível constatar que o meio ambiente artificial abrange objetos arquitetônicos e elementos urbanísticos. Esses objetos e esses elementos, todavia, participam do meio ambiente cultural e do meio ambiente laboral e, t...

07 - Compreensão e aprendizado urbanísticos.

O termo “urbano” é mais abrangente que o termo “urbanístico”, embora sejam empregados, não raro, sem distinções entre si. A tradução do trabalho literário de Zevi (1984) abrange esse termo “urbanístico”, destacando-se, por exemplo, que é distinto “o espaço exterior, ou urbanístico, do espaço interior, propriamente arquitetônico” (ZEVI, 1984, p. 41). No Direito Brasileiro, fala-se do “Direito Urbanístico” (AGUIAR, 1996; LIRA, 1997) mais do que do “Direito Urbano”. Ao longo do trabalho literário de Jacobs (1961), traduzido para o português, têm-se expressões como “planejamento urbano”, “diversidade urbana”, “estudos urbanos” e “vitalidade urbana”, mas também “plano urbanístico”, “pensamento urbanístico” e “teoria urbanística”. A legislação firmada sob a égide desse “Direito Urbanístico” fica representada pela “legislação urbanística” (AGUIAR, 1996; MARICATO, 2000) e não pela expressão “legislação urbana”. Interpreto que a obra literária de Corrêa (1989), intitulada “O Espaço Urbano”, abr...

06 - Compreensão e aprendizado arquitetônicos.

As atividades intelectuais apresentam faces objetivas e faces subjetivas. Ao discorrer sobre o planejamento urbano e a política habitacional que caracterizaram a modernidade situada nas últimas décadas do século XIX e na primeira metade do século XX, Jacobs (1961, p. 244) observa que “as formas de pensamento, não importa quão objetivas aparentem ser, têm fundamentos e valores emocionais subjacentes”. Em vista de afirmações de Hertzberger (1991), percebo que vivências enriquecem o repertório de elementos que balizam pensamentos e o desenvolvimento de soluções arquitetônicas. Em entrevista, Podestá (2011) expõe que o processo de aprendizagem sobre a arquitetura é cumulativo e não ocorre “ao longo de um ou dois dias”. Esse arquiteto observa, também, que pequenas e grandes ações durante a prática profissional permitem a melhoria da compreensão das relações entre o objeto arquitetônico e o meio cultural pré-existente e o meio cultural pós-existente. Zevi (1984, p. 17), ao discorrer sobr...