10 - Breves notas sobre a conformação de espaços arquitetônicos.

Espaços arquitetônicos podem ser conformados por edificações e, também, por elementos construtivos distintos, independentes, fisicamente desconectados dessas edificações. CHING e ECKLER (2014, p. 84) alertam acerca da relevância de serem considerados os impactos da forma da edificação sobre o espaço circundante. No que tange à escala urbana, esses autores observam a relevância de ser compreendido “se o papel de uma edificação é continuar o tecido urbano existente em um lugar, compor um pano de fundo para as outras edificações, definir um espaço urbano ou se deveria estar solto no espaço, como um objeto importante”. No que tange ao terreno que comporta edificações, esses autores listam “várias estratégias para relacionar a forma de uma edificação ao espaço que a circunda”. Fala-se, por exemplo, sobre o edifício: “fechar parte de seu terreno, configurando um espaço de estar externo protegido de condições climáticas indesejáveis”; “configurar e fechar um pátio interno ou um átrio dentro de seu volume, compondo um esquema introvertido”; “espalhar-se e criar uma ampla fachada voltada para uma vista, terminando um eixo ou definindo o lado de um espaço urbano”; “estar solto no terreno, mas permitir que seus espaços internos se fundam com espaços externos privados”.

Considero que as estratégias listadas por CHING e ECKLER (2014, p. 84) vêm dar suporte aos partidos arquitetônicos e podem ocorrer de maneira individualizada ou sobreposta. Entendo que algumas propiciam percepções de que, embora sejam conformados espaços internos e externos, há unidade espacial. Entendo que outras propiciam percepções de que há duas unidades espaciais distintas ou, até, mais de duas.

Ao “estar solto no terreno, mas permitir que seus espaços internos se fundam com espaços externos privados”, um edifício pode, mediante reentrâncias e saliências, distinguir unidades espaciais. Ao “espalhar-se e criar uma ampla fachada voltada para uma vista, terminando um eixo ou definindo o lado de um espaço urbano”, um edifício pode suscitar a percepção de uma unidade espacial voltada para uma fachada específica. Em momentos distintos do cotidiano e em localidades distintas, fica possível exercitar a compreensão de como a forma de um edifício, de uma casa, de um galpão, de um coreto etc. impacta o espaço circundante, seja na escala urbana, seja em relação ao terreno ocupado somente.


Referências bibliográficas:

CHING, F. D. K., ECKLER, J. F.. Introdução à arquitetura. 1. ed.. Trad. Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman Editora, 2014. 421 p. Título original em inglês: Introduction to Architecture.

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