03 - Percepções iniciais sobre a arquitetura.
Genericamente, nem todo
edifício é um exemplo de arquitetura. Para ser arquitetura, é necessário que os
edifícios sejam dedicados a atividades dos seres humanos. Um galinheiro, um
canil, um barracão para a guarda de ferramentas, a princípio, não seriam exemplos
de arquitetura. Distintamente, uma granja, instalações para acomodação de
cachorros de rua e galpões para depósitos de materiais diversos poderiam ser.
Edículas residenciais abrangem
elementos caracterizadores da maneira pela qual o mundo é habitado. O
planejamento da implantação dessas edículas em terrenos pode abranger,
inclusive, a implantação de galinheiros, canis e barracões para a guarda de
ferramentas. Mesmo que um casebre seja individualmente irrelevante ou
arquitetonicamente pouco expressivo, o conjunto de casebres pode apresentar
significado relevante. Vilas e/ou favelas brasileiras, cidades medievais
europeias e cidades coloniais/históricas brasileiras exemplificam a
expressividade decorrente da consideração do conjunto de unidades imobiliárias.
Dentre os termos da
dissertação de mestrado intitulada “A formação do homem moderno vista através
da arquitetura”, apreciada em âmbito acadêmico em dezembro de 1987, o autor,
“Brandão, C. A. L.”, dedica considerações acerca da “origem etimológica”, entre
os gregos, da palavra “arquitetura”. Composta pelos radicais gregos archè
e tektonicos, essa palavra se refere, conforme expresso por esse autor,
a “algumas obras providas de um significado existencial maior do que aquelas
que representavam soluções puramente pragmáticas” (BRANDÃO, 1987, p. 9).
Ao apresentar a 1º versão da
obra “Dez Livros sobre a Arquitetura” (título original em latim: De Architectura
Libri Decem), traduzida para o idioma português em 1998 por Maria
Helena Rua, o arquiteto Pedro Fialho de Souza expõe sucintamente que, durante o
período renascentista, ressaltou-se o termo de origem grega arkhitékton,
o qual significa “acima de pedreiro” ou “primeiro (no sentido de superior)
construtor”. Rodrigues (2012) e Dejtiar (2018) dedicam atenção ao significado
do termo “arquiteto(a)” e, em sentido convergente, identificam respectivamente
significados como “carpinteiro-chefe” e “o que vinha em primeiro lugar, o que
se situava na origem e no comando”.
Entendo que a arquitetura não
fica inviabilizada pela ausência da participação, na concepção de edifícios, de
arquitetos devidamente graduados em cursos superiores de Arquitetura e
Urbanismo. Esses profissionais, arquitetos, arquitetos-urbanistas ou
engenheiros-arquitetos, estão aptos para a concepção e o desenvolvimento de
edifícios. A participação deles adiciona, a princípio, qualidade à concepção e
ao desenvolvimento. Mais do que autores de projetos arquitetônicos,
anteprojetos e execuções de obras, mais do que artistas, esses profissionais
são responsáveis técnicos (RTs) e devem, continuamente, primar pela ótima
qualidade dos serviços que se dispõem a prestar.
Referências
bibliográficas:
BRANDÃO, C. A. L.. A
formação do homem moderno vista através da arquitetura. 1987. 170 f.
Dissertação (Mestrado) – Departamento de Filosofia, Faculdade de Filosofia e
Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1987.
DEJTIAR, F.. Etymology in
Architecture: Tracing the Language of Design to its Roots. ArchDaily.
2018. Trad. Ella Comberg, 2018. Disponível em < https://www.archdaily.com/898648/etymology-in-architecture-tracing-the-language-of-design-to-its-roots?ad_medium=gallery >. Acesso em: 27/08/2022. ISSN 0719-8884.
RODRIGUES, S.. A arquitetura
da palavra arquiteto. VEJA on line. 2012. Disponível em < https://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/a-arquitetura-da-palavra-arquiteto/ >. Acesso em: 27/08/2022.
VITRUVIUS. Dez Livros de
Arquitetura. Sec. I a.C.. Trad. Maria Helena Rua. R.B.M – Artes Gráficas, Ltda.,
1998. Título original em latim: De Architectura Libri Decem.