01 - Arq.U.I: Arquitetura e Urbanismo Independentes.

As expressões “música independente” e “produção musical independente” têm aplicabilidade relacionada a diversos segmentos musicais. Produções musicais independentes podem apresentar viés autoral expressivo, se diferenciando das produções idealizadas em vista de repercussões quantitativamente significativas. Ainda assim, artistas independentes, a fim de “prover seu sustento de forma autônoma”, buscam “formas de empreender e viver da arte” (ARAÚJO e BENATI, 2018, p. 01). Especificamente, Araújo e Benati (2018, p. 02) definem “como artista independente o músico que busca manter-se na cena musical a partir de seus próprios esforços, sem estar vinculado a instituições ou demais profissionais”.

A expressão “jornalismo independente” possui relação com as práticas jornalísticas que não estão vinculadas “a grandes grupos de empresas de comunicação, organizações e partidos políticos”, assumindo “posicionamento crítico no confrontamento de fatos” e refutando “a suposta imparcialidade defendida pela mídia tradicional” (HORN, 2022, p. 3-4). Não há subordinação do processo editorial a segmentos hegemônicos, como grupos empresariais ou instituições públicas.

Em entrevista, Podestá (2014) expõe que não faz “arquitetura mineira”, mas sim “arquitetura em Minas (a saber, o estado de Minas Gerais, no Brasil)”, pois a extensão territorial e as diversidades cultural e geográfica brasileiras não permitem que as arquiteturas feitas no país sejam representadas suficientemente por alguns edifícios localizados numa cidade ou, mesmo, numa metrópole. Esse arquiteto observa que a “escola paulista”, a “escola carioca”, a “escola pernambucana”, a “escola baiana” etc. representam arquiteturas feitas em lugares específicos.

Ao empregar a expressão “arquitetura e urbanismo independentes”, não venho fazer manifestos nem enunciar estilos e/ou tendências. Venho apresentar textos sobre temas relacionados à arquitetura e ao urbanismo. Observo que a autonomia intelectual e a autonomia cultural não afastam a relevância de interações com profissionais especificamente relacionados às diversas etapas da construção civil. Considero que o aprendizado decorre de esforços próprios, pessoais e intransferíveis, porém não ocorre sob isolamento absoluto. Pensamentos independentes nem sempre são pensamentos imparciais. Em face de teses, dissertações, artigos científicos, entrevistas, reportagens etc., pensamentos independentes podem apresentar concordâncias ou discordâncias. Há muito a ser aprendido. O estudo é um ato de existência e de persistência.

 

Referências bibliográficas:

ARAÚJO, R. C.; BENATI, R. I. A formação e atuação musical de um artista independente. In: XI Encontro Regional Sudeste da Associação Brasileira de Educação Musical, 2018. São Carlos, São Paulo: Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).

HORN, A. T. A.. O perfil editorial do jornalismo independente no Brasil e na França. Revista FAMECOS, v. 28, p. 1-15, 2022.

PODESTÁ, S. E.. ARQUITETURA E URBANISMO PARA TODOS: entrevista Sylvio de Podestá: parte 1. [S. I.]: Arquitetura e Urbanismo para todos, 23 abr. 2014. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=4_c6uYJ0860&t=73s. Acesso em 17 mar 2024.


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